quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Déficit no aprendizado - Transtorno de conduta

Olá Pessoal.
Aproveitando a época de volta as aulas, vim falar de um assunto bem comum e que preocupa bastante os pais no ambito educacional: a queda no rendimento escolar.

Uma  criança costuma chegar em mim (Fonoaudióloga e PsicoPedagoga)  a partir de um encaminhamento escolar ou familiar, com duas queixas primordiais: déficit no aprendizado ou transtorno de conduta.
Entretanto, nenhum dos dois motivos significa, obrigatoriamente, presença de psicopatologia infantil, o que nos leva a pensar em um primeiro passo, visando à operacionalização do encaminhamento clínico.


Cabe lembrar que famílias disfuncionais, quer sejam decorrentes de separação, ritmo de trabalho, valores diversos, carências afetivas, educacionais ou maus-tratos e negligência, devem ser encaminhadas diretamente aos Conselhos Tutelares responsáveis, da mesma forma que a suspeita de negligência e maus-tratos deve ser resolvida judicialmente.
Após essas providências é que o pensar-se em uma Psicopatologia específica faz-se necessário, embora inicialmente deva-se procurar ter uma preocupação com o bem estar mais do que com o desempenho (escolar no caso) da criança, procurando-se observar (e compreender) as maneiras pelas quais ela reage a essas pressões (associadamente ou não a processos psicopatológicos). Isso porque, mais que a mera ausência de doença, a saúde comporta um estado de bem estar biopsicossocial, para onde confluem elementos físicos, familiares, sociais, pessoais, administrativos, escolares e outros, todos desembocando, de maneira geral, naquilo que, de maneira simplista, poderíamos agrupar sob a denominação genérica de qualidade de vida da criança.
Nesse processo, quanto menor é a criança, mais dependente é do grupo familiar que, principalmente a mãe, torna-se habitualmente aquela que percebe todo e qualquer desvio nesse estado de bem estar. Conforme a criança se desenvolve, a escola passa também a desempenhar esse papel, constituindo-se, juntamente com a família, no universo infantil.
Assim sendo, ambos os ambientes devem ter em mente que:
• existe para a criança a possibilidade de adoecer mentalmente;
• esse adoecer pode, inclusive, envolver alguma gravidade;
• existem benefícios na prevenção e no tratamento precoce dessas ocorrências;
• devem existir recursos na comunidade que possam ser acessados quando necessários.
Dessa forma, a doença mental na infância e na adolescência deve ser visualizada a partir de diferentes tipos de fatores envolvidos que, por sua complexidade, ao serem avaliados devem ser considerados de maneiras diferentes. Temos então, a serem considerados:
a) Fatores predisponentes: caracterizados pela vulnerabilidade biológica, características de personalidade, primeiras experiências, respostas ao estresse e influências socioculturais. Estes fatores são os mais difíceis de serem avaliados em ambiente escolar, uma vez que dependem do próprio crescimento e desenvolvimento anterior da criança;
b) Fatores precipitantes: corresponde aos acontecimentos estressantes e aos estímulos que ocasionam respostas emocionais desprazeirosas. Nesse âmbito, a escola, por sua importância no universo infantil, já passa a ter um papel fundamental na detecção e na manipulação desses eventos;
c) Fatores perpetuadores: são os estressores permanentes, elementos temperamentais ligados a ansiedade, estímulos reforçadores de condutas inadequadas e influências familiares. Nesta esfera, a escola tem um papel que pode ser considerado fundamental;
d) Fatores protetores: correspondendo aos atributos temperamentais de adaptabilidade, relações intrafamiliares adequadas, rede de irmãos e suporte comunitário positivo. Aqui, a escola pode (e deve) fornecer parte desse suporte comunitário, constituindo-se assim em, mais do que uma simples fornecedora de informações, um ambiente favorecedor do crescimento e desenvolvimento da criança e do adolescente.
Dessa maneira, considerando-se as necessidades da criança e do adolescente, pode-se pensar a atenção a sua saúde mental da seguinte maneira:
Escutar a criança e a família sobre o comportamento apresentado, contextualizando-o;
  • Evitar ver todas as manifestações como decorrentes da hereditariedade ou da carga biológica, da mesma forma que evitar desmerecê-las através da célebre frase "não é nada" ou que "é normal";
  • Não dramatizar as situações quando os sintomas apresentam recorrência;
  • Procurar resolvê-los primeiramente no próprio ambiente da criança antes de recorrer-se a programas de atenção secundária ou terciários;
  • Evitar as ameaças ou os julgamentos depreciativos para a criança, animando-o a falar sobre seus comportamentos.
Uma vez estabelecidos esses cuidados e não se minorando a sintomatologia, procurar aventar a suspeita de processos psicopatológicos envolvidos, bem como a gravidade dos mesmos e as alterações na dinâmica familiar decorrentes ou envolvidas nos mesmos e, uma vez realizado esse passo, estabelecer o encaminhamento a profissionais adequados, visando a intervenções terapêuticas especializadas

Um comentário:

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