sexta-feira, 24 de agosto de 2012

YACON: regula a secreção de citocinas e protege o trato intestinal

Texto publicado no jornal Estado de Minas de 23/08/2012, mostra os benefícios trazidos pelo consumo da raiz Yacon com foco no controle dos níveis de açúcar do sangue, o que pode ser uma ótima opção para o controle do diabetes.
Mas, o que mais me interessou foram seus outros mecanismos de ação. Além de reduzir as taxas de açúcar do sangue, ela regula a secreção de citocinas e protege o trato intestinal. É rica em prebióticos e fácil de ser consumida, pois pode ser adicionada a sucos, consumida crua ou cozida. Ou seja, apesar desse assunto não ter sido abordado na matéria, ela é uma ótima opção de alimento para autistas!
Remédio natural vindo do Peru reduz taxas de açúcar no sangue
Pesquisas desenvolvidas na Unicamp indicam que o yacon, raiz de origem andina, gera uma série de benefícios ao organismo.


O yacon, raiz de origem andina, ajuda no bom funcionamento do sistema imunológico e na prevenção de infecções intestinais, como as colites, indicam dois estudos realizados na Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA/Unicamp). Segundo os especialistas envolvidos nas análises, o vegetal, além de regular a secreção de citocinas (moléculas envolvidas na emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento das respostas imunes), protege o trato intestinal e age na redução das taxas de açúcar no sangue. Esse potencial insere o yacon no rol dos alimentos funcionais, ou seja, aqueles que contribuem para a manutenção da saúde e redução do risco de doenças.
Ainda pouco aproveitada pela indústria alimentícia brasileira, a raiz poderia beneficiar a população se inserida em pães, biscoitos, sopas e sucos. “Pelo alto conteúdo de prebióticos de tipo fruto-oligossacarídeos (FOS) do yacon, o seu consumo traz benefícios à saúde porque modula o sistema imunológico no intestino e previne as doenças inflamatórias intestinais”, explica a peruana Grethel Teresa Delgado, principal autora do primeiro estudo realizado, com camundongos. Os prebióticos, na maioria carboidratos, são componentes alimentares não digeríveis que estimulam o crescimento do número de bactérias boas do cólon, equilibrando, assim, a microbiota intestinal.

“No nosso intestino existem inúmeras bactérias. Um terço delas é saudável, um terço é maléfica e o resto é de baixa virulência, ou seja, se comportam conforme a situação. Os FOS são um tipo de fibra prebiótica que servem como combustível para as bactérias saudáveis e também para as de baixa virulência, já que sua presença no organismo faz com que elas se comportem como bactérias boas”, explica a nutricionista Joana Lucyk.

Para avaliar os efeitos do consumo regular de yacon sobre o sistema imune dos ratos, Delgado conta que realizou experimentos por 30 dias com camundongos que apresentavam um quadro de inflamação intestinal induzido pelo ácido trinitrobenzeno sulfônico (TNBS). Durante o período, foram analisados o peso corpóreo, níveis de anticorpos, histopatologia do intestino, bem como a proliferação de células esplênicas e dosagem de citocinas. O resultado indicou que o consumo regular da ração de yacon levou à melhora do quadro de colite induzida nesses animais, além de elevar os níveis de IgA intestinal, anticorpo responsável pela proteção da camada epitelial do intestino na ausência de infecção.

“Nós fizemos alguns testes de sangue e medimos também o nível de citocina. Observamos um maior número dessas moléculas nos animais de laboratório que tiveram uma dieta com farinha de yacon, o que quer dizer que a resposta imune nesses animais é maior”, complementa a professora da Unicamp Gláucia Maria Pastore, orientadora do projeto.

Em humanos
Um novo estudo desenvolvido também na FEA busca agora saber se os resultados positivos podem ser encontrados em humanos. A pesquisa está sendo realizada pela nutricionista Marlene Scheid com 80 idosos do interior de São Paulo. “Como os idosos, normalmente, têm muitas doenças cardiovasculares e baixas no sistema imunológico, queremos ver como o yacon atua nesses organismos, já que os FOS encontrados no alimento têm um efeito favorável no controle glicêmico e no sistema imunológico”, explica Scheid.

Os resultados estarão disponíveis dentro de dois meses, mas Pastore adianta que as primeiras análises de glicemia (concentração de glicose no sangue) indicam que o alimento pode ser um ótimo mecanismo de controle do diabetes. A orientadora explica que, como os fruto-oligossacarídeos são carboidratos não digeríveis, sua presença acaba por atrasar e diminuir a absorção de glicose, evitando os chamados picos de insulina. “É por isso que, no Peru, o yacon é conhecido como a raiz dos diabéticos”, acrescenta.

Essa raiz é consumida há milênios por povos indígenas de origem pré-colombiana, e seus efeitos medicinais são empiricamente conhecidos há muito tempo. Cultivada principalmente nos Andes da América do Sul, a planta é vista desde a Venezuela até o Norte da Argentina. No Brasil, seu cultivo concentra-se na Região Sul, devido ao clima frio, que auxilia seu desenvolvimento. O yacon é comercializado como um tipo especial de batata, que lembra o inhame. Segundo a nutricionista Joana Lucyk, contra todas as expectativas, seu gosto é “bem suave e parece uma mistura de melão com pera”. Apesar dos altos teores de água e açúcares, a raiz possui baixo teor calórico, sendo uma boa alternativa para quem quer perder peso, liberar toxinas e continuar comendo um adocicado gostoso que, além de tudo, ainda causa saciedade.

Popularização
Apesar de sua pouca popularidade entre os brasileiros, cada vez mais a raiz pode ser encontrada em supermercados e hortifrútis, e um número cada vez maior de nutricionistas tem indicado o seu consumo para diabéticos, pessoas que querem emagrecer e pacientes com problema de colesterol alto e inflamação intestinal.

Ao prescrever o yacon aos seus pacientes, Lucyk sempre dá dicas de como consumi-lo. “Você pode comer in natura, como fruta, crua na salada, ou pode bater com suco de laranja, ou sopa de batata”, ensina (veja receitas). A nutricionista ressalta que, por ter um gosto adocicado, o yacon fica melhor em receitas doces. A pesquisadora Scheid, que também atua em clínica, afirma que alguns de seus pacientes glicêmicos que realizam uma dieta que inclui a raiz como complemento no almoço e no jantar não precisam ingerir medicamento para obter um bom controle do nível de glicose no sangue.

Apesar de ser consumido por indígenas peruanos há muito tempo, as propriedades funcionais do yacon só foram reconhecidas por volta da década de 1980, principalmente em decorrência de estudos realizados por japoneses, que, inclusive, incluíram o alimento em sua dieta e difundiram o seu consumo. Atualmente, já se fala no processamento do yacon de forma a agregá-lo aos alimentos como farinhas, produtos desidratados e adoçantes naturais.
Texto publicado no jornal Estado de Minas de 23/08/2012

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